Essa semana foi publicada uma notícia em relação a possível fusão entre Mobly, uma startup de móveis e artigos de decoração, e a Tok Stock, uma antiga rede de varejo também do ramo de móveis e decoração. Concorrentes de um mesmo mercado, porém com origens bem diferentes, nenhuma das duas atravessaram boas fases recentemente. Uma fusão entre as duas companhias, no entanto, poderia ser uma boa saída para ambos os negócios.
Uma fusão vai muito além de negociar um número e assinar um documento. Aliás, talvez seja a parte mais rápida e simples, a começar pelo número menor de pessoas que isso envolve. A posterior integração de negócios, reconstrução e estratégia de marca, integração de sistemas, cultura e pessoas é na verdade a parte mais demorada e onde há o potencial efetivo de ganhos.
Para a Tok Stok, essa pode representar um ganho significativo em transformação digital, dado que a Mobly mesmo com menos tempo de estrada no mercado, é quem tem a cultura da operação digital, a plataforma e o know how mais apurado. Operações de M&A são ferramentas poderosíssimas para ganhar mercado, absorver tecnologia e transformar culturas.
Ao longo da nossa jornada de 13 anos, a Radio teve o privilégio de participar de uma incrível jornada de transformação digital de uma empresa exclusivamente brasileira em uma gigante: a antiga Cetip, hoje atual B3.
Tudo começou com uma empresa fornecedora de um sistema gravames para o Detran de São Paulo. Esse contato aconteceu em 2010, ano de fundação da Radio. Nem sabíamos o que eram gravames, tivemos que aprender isso inclusive, mas essa era a parte fácil. Depois de entender, nossa missão era explicar o que era e como o sistema funcionava, pois a GRV Solution (nome da empresa) se preparava para um roadshow e havíamos sido contatados para ajudá-los na criação dessa estratégia de approach com investidores. Simplificamos o fluxo do negócio de tal forma que ficou conhecido internamente como: “Gravames for dummies”. Trabalho entregue, a Diretoria da GRV embarcou para a jornada de roadshow. “Dêem notícias”- pedimos a eles.

Destaque do slide de apresentação que foi feita para os colaboradores, criando uma expectativa positiva para o futuro. O logo tipo da Cetip ainda era o antigo, logo depois eles criaram uma nova identidade.
Meses depois, fomos contatados novamente por eles. Ansiosos perguntamos: “E ai como foram no roadshow? Seguirão com força para o IPO?”. A resposta foi: “Não mais. Na verdade fomos comprados pela Cetip.” Naquele momento surgiu mais uma interrogação: quem era Cetip? O que essas empresa faz? “A Cetip é uma integradora do mercado financeiro. Ela é responsável pela liquidação de todas as operações bancárias ao final do dia. Toda vez que você faz uma TED, você não sabe, mas usa a Cetip”. Como assim?? Para nós do mundo da comunicação e acostumados com serviços e produtos para consumidores finais, aquilo tudo soava muito abstrato. Esse não era apenas mais um mero pretexto para investir tempo para pesquisar e estudar, mas sim uma necessidade, caso fosse nossa intenção manter aquele cliente vivo. Arregaçamos as mangas mais uma vez e fomos entender o que a Cetip fazia. Conversamos com amigos do mercado financeiro, até mesmo com outros clientes, para entendermos no que consistia os serviços prestados por eles.

A aquisição ocorreu no fim do ano de 2010 e no meio do ano de 2011 começamos a trabalhar efetivamente para a Cetip. A partir dali ficava claro o que vinha acontecendo. A Cetip, tinha aberto o capital em 2008 então estava capitalizada a época. Vendo a evolução de plataformas digitais, transmissão de dados, criptografia e um modelo SaaS de negócio pelo mundo, eles tinham iniciado uma jornada de revolução do seu próprio negócio. A aquisição da GRV Solution – que nos trouxe para essa jornada – era só um pedaço do plano maior. Dali para frente presenciamos e participamos de uma série desafios que um processo de M&A apresenta. Por sorte nosso escritório na época era muito próximo ao deles, o que facilitou ainda mais a conexão de nós todos.
Integração das equipes, comubnicados ao mercado, criação de uma cultura empreendedora, estratégia de marca, produtização de serviços e incorporação de novas tecnologia. Tudo isso passou a fazer parte do nosso dia-dia, quando nos tornamos, parceiros dessa jornada.
Ao longo de 6 anos trabalhos intensamente, junto com as equipes da Cetip para entregar todos as demandas. Em 2017, quando tudo parecia estar entrando nos trilho para ganhar embalo, chegou mais um novidade: BMFBovespa e Cetip farão uma fusão! “Uau!!”.
Se tudo o que tínhamos feito até ali já parecia incrível do ponto de vista de participar da criação de uma empresa moderna, a partir de 2017, percebemos que só estaria começando na verdade. Tudo tinha sido uma preparação para o que viria a diante. A continuação foi eletrizante. Na semana que vem publicaremos a segunda parte dessa aventura.
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